quarta-feira, 29 de julho de 2009

O papa é Pop... e a Crise também!

Hoje não se fala em outra coisa: é crise pra cá, foi culpa da crise pra lá... Estava eu na “temida” fila dos desempregados do Ministério do Trabalho para receber o também “temido” Seguro Desemprego e deparei-me com uma conversa ao lado. Havia uma senhora muito “triste”, pois havia perdido o seu emprego e iria receber 6 meses de seguro, enquanto – ficava de boa – procurava outro emprego.

A senhora argumentava ter sido culpa da Crise a perca do seu emprego, pois o jornal tinha anunciado semanas antes que o Brasil teria um aumento substancial na taxa de desemprego. Ela trabalhava no setor de serviços da cidade de Montes Claros. Porém, dados estatísticos mostram um forte aumento na produção de tal setor na cidade neste mesmo período. Como é possível, então? Bom, para a felicidade geral, não foi culpa da Crise, pelo menos a perca desse emprego!

Hoje, a Crise está mais Pop que o próprio Papa. Todos os dias ouço comentários – em sua maioria, errôneos – sobre a tal da crise. Resolvi postar sobre esse tema para que todos entendam, mesmo que simploriamente, a danada da Crise Financeira Internacional. É mais ou menos assim:

Imagine você, um bar onde o dono passe a vender pingas fiado a seus clientes, com uma garantia verbal de pagamento futuro. Ele está otimista, pois o negócio anda bem. Cada dia que passa clientes e mais clientes procurando as pingas do bar para comprar. As perspectivas andavam tão boas que o dono resolveu pedir um empréstimo junto ao banco para aumentar sua capacidade física, a fim de atender um numero maior de – pinguços – clientes. Como garantia, o Butequeiro resolve dar as notas promissórias assinadas pelos seus honorários clientes (eufemismo para bêbados)! O banco aceita as condições e faz o empréstimo. Vale ressaltar que tais bancos são divididos em ações (ação é um papel que representa a partícula mínima de uma empresa), e quando os seus empréstimos aumentam, aumenta também o patrimônio da Empresa-Banco. Essas ações são compradas e vendidas todos os dias em um mercado que se chama Bolsa de Valores. Hoje, com o avanço dos meios de comunicação, investidores do Japão podem comprar e vender ações da Petrobrás, por exemplo, instantaneamente. Porém, o que acontece quando tais ações perdem o seu valor? Resposta: Crise!

Neste caso hipotético, os bêbados, em geral, deixaram de pagar suas dívidas junto ao Boteco, que por sua vez não honrou com os seus compromissos perante o banco, que em conseguinte teve o seu patrimônio desvalorizado, desvalorizando também as suas ações, que em seguida despencaram. Os investidores, com medo da instabilidade do mercado e da falta de transparência, ficaram cautelosos e resolveram apenas especular. O mercado financeiro perde liquidez, isto é, diminui a circulação de moeda e, pronto! Formou-se a Crise Financeira, a chamada Crise de Liquidez!
Na verdade, podemos chamar de Botequeiros o Sistema Hipotecário Americano, literalmente! Houve uma abertura de créditos para pessoas que não tinham como pagá-los (chamados Sub-primes). Os empréstimos para financiar a compra de casas estavam tão fáceis que as pessoas podiam comprar casas sem ao menos possuir comprovante de renda! Então, houve um aumento na inadimplência desses tomadores de empréstimos, que, para pagar as suas dívidas, tiveram que vender suas casas. Mas o que acontece quanto todo mundo está querendo vender uma casa? É... Casas a preço de banana! Nem vendendo a casa eles conseguiram pagar suas dívidas, pois os valores já estavam muito abaixo do que eles pagaram. Essas dívidas se tornaram papéis podres para os bancos, pois já não valiam mais nada. O investidor, que não é bobo nem nada, tratou logo de tirar “o dele” da reta, deixando os bancos “a ver navios”. A turbulência gerada pelo sistema financeiro criou expectativas pessimistas, pois a garantia de que os bancos honrariam com suas contas estava na lama!

O que o Brasil tem a ver com a crise? Bom, o mercado de câmbio é afetado, pois os investidores querem tirar seus valiosos dólares de circulação. Então, aumenta a demanda por dólares, o que eleva o seu preço. Com o dólar mais caro, as importações de equipamentos se torna mais cara, então, indústrias que utilizam matérias-primas importadas são afetadas (como é o caso das grandes montadoras de automóveis), e são obrigadas a despedirem funcionários. Os principais compradores do Brasil são obrigados a cortarem despesas com certos produtos, reduzindo a renda nacional. Com a importação mais cara, há uma tendência de elevação da inflação no país, o que obriga o Governo a interferir na economia, gastando.

Qual lição que podemos tirar disso tudo? Se for dirigir não beba e, por favor, se for beber, pague! Você não imagina o prejuízo que isso dá!